quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Super Mario World: Atravessando o mundo com uma pena


Tudo começou em 97, quando tinha 4 anos; meus pais me deram um Super Nes (naquela época já existia PS1, N64; mas era o console que todos tinham por aqui). Na caixa vinha estampado o jogo Mario World, e além desse jogo tinha também International Super Star Soccer Deluxe. Não sei explicar o que eu senti quando eu joguei aquele jogo incrível; era criança e aquilo era diferente pra mim. Colocar aquele cartucho no console; ligá-lo; ver aquele símbolo da Nintendo com o barulhinho de moeda clássico; e ver aquela tela inicial abrindo com uma fase de demonstração rodando – uma fase que sempre via nessa tela, e nem imaginava onde ficava- aquilo foi histórico pra mim.
Além de meu primeiro console, era o primeiro jogo que joguei; mal sabia pra onde aquilo tudo ia me levar. Na época eu nem pensava nisso, mas de uns anos pra cá, percebi como realmente esse jogo foi muito importante pra min. Penso, talvez, que se não fosse por esse jogo; eu não continuaria jogando videogames; não conheceria novos jogos; não melhoraria meu desempenho nos jogos; não estaria nem escrevendo esse texto, expressando todo meu amor por esse jogo.
Intro de Super Mario World, Super Nintedo


Super Mario World (originalmente chamado no Japão de Super Mario Bros. 4), é um jogo de plataforma 2D desenvolvido e publicado pela Nintendo como um título que acompanhava o console Super Nintendo. O jogo foi lançado em 21 de Novembro de 1990 no Japão e 13 de Agosto de 1991 na AmericaSuper Mario World se tornou um enorme sucesso crítico e comercial, sendo considerado o mais bem-vendido da plataforma, com 20 milhões de cópias vendidas no mundo todo. O jogo foi relançado duas vezes, a primeira para Game Boy Advanced com jogabilidade modificada (com a diferenciação real entre o Mario e o Luigi), em Super Mario World: Super Mario Advanced 2. O segundo relançamento foi para o sistema Virtual Console do Wii em 2007, desta vez não havendo mudança alguma da versão original para SNES. O jogo foi dirigido por Takashi Tezuka e produzido por Shigeru Miyamoto, o criador das franquias Mario e The Legendo f Zelda, com Shigefumi Hino como o designer de gráficos e trabalhando na criação de Yoshi. A trilha sonora do jogo foi composta por Koji Kondo. O jogo levou 3 anos para ser desenvolvido.

Takashi Tezuka, Shigeru Miyamoto and Kōji Kondō

Na historia do jogo (que eu nem conhecia ou ligava na época); Mario, Luigi e Princesa Peach (Princesa Toodstool na época) vão passar férias na Ilha dos Dinossauros. Mas o que acontece? A princesa é sequestrada (OH) – por quem? Bowser (OOHH) – e qual o seu objetivo? Salvar a princesa (OOOOHHHH). É; hoje em dia isso é obvio, mas quem joga ou ouvi pela primeira vez sobre Mario, não sabe dessas coisas. E outra, que criança nessa idade se interessava numa historia de jogo? Era só pegar o controle e jogar; e ir o mais longe possível. Eu nem sabia que tinha uma princesa no fim do jogo presa em um castelo; era o primeiro jogo da serie que eu jogava, não conhecia os outros. Mario World foi meu ponto de partida na serie; e no mundo dos videogames também. Eu falei de ir o mais longe possível; mas na época eu não conseguia ir muito longe não. Era um jogo difícil pra minha idade, e eu não tinha experiência nenhuma em games. O que acontecia muito era que alguém vinha jogar em casa, ou eu emprestava o jogo pra alguém, e essa pessoal avançava mais no jogo e salvava quando chegava a algum save. Então eu podia continuar jogando da onde essa pessoa parou e ver outras fases na qual eu não tinha passado. Alias, Mario World era um dos poucos jogos de Super Nintendo que eu conhecia e jogava que tinha save na própria fita. A maioria dos jogos daquela época usava mais o sistema de password; isso quando tinha. Se não me engano; esses saves existiam por causa de uma bateria que existia no cartucho, só que pra cortar custos, muito empresas não colocavam sistema de save e preferiam usar password. Os Savepoints de Mario World apareciam quando você passava dos castelos ou das casas mal assombradas.

Filhos do Bowser, os 7 chefes do jogo
O jogo consiste em 7 mundos distintos, 72 fase, 96 saídas e 7 chefes, que são os filhos do Bowser. Começando pela Ilha do Yoshi (Yoshi's Island), mais precisamente na Casa do Yoshi (...). Mas quem é esse Yoshi? Ah, essa era uma das novidades do jogo; um dinossauro que você podia montar durante as fases. Isso acrescentava muito ao gameplay e ajudava muito pra passar as fases. Com ele você aperta o botão de corrida e ele usa a língua para engolir os inimigos: se ele engolia um koopa vermelho, cuspia fogo; um koopa amarelo, o pulo dele causava um tremor no chão que matava os inimigos; e o koopa azul que dá asas para o Yoshi voar até ele engolir o bicho. Isso é o tipo de coisa que você só descobre conforme joga e avança. E outra boa tática de jogabilidade com Yoshi, muito sacana por sinal, era que você podia saltar dele quando ia cair em um buraco e se salvar. –Adeus, Yoshi querido! A historia também cita que o Bowser raptou todos os Yoshi e prendeu-os em ovos; por isso você os encontra em ovos batendo em alguns blocos nas fases. Essas e outras informações, você descobre batendo no que parece umas caixas de som que, quando acionadas, mostra alguma informação sobre o jogo ou alguma coisa sobre a fase. Já existia a idéia de colocar uma montaria para o Mario desde o primeiro jogo, mas por causa das limitações do Nintendinho, não foi possível. Isso só foi possível em Mario World e a capacidade maior do Snes.

De inicio você vê só aquela pequena ilha, mas se escolher fazer primeiro a fase da direita e subir o monte que há na ilha, verá o vasto mapa que o jogo lhe proporciona. Aperte Start para dar uma navegada no mapa e vê-lo, só pra dar um gostinho do que vira. E lá nesse monte há uma novidade no jogo: Switch Palace. Percebeu na fase anterior alguns blocos, pontilhados? É para isso que serve o Switch Palace. Uma espécie de fase bônus que, ao chegar no final, a um enorme P-Suit (aqueles interruptores que transformas os blocos em moedas, temporariamente); pule em cima dele e pronto; todas aqueles blocos pontilhados (da cor do P-Suit que acionou) ficam visíveis por inteiro. Existem 4 desses espalhados pelo mundo do jogo: amarelo, verde, vermelho e azul. Esse primeiro é bem fácil achar, os outro precisam de mais esperteza pra achar. Não é difícil, basta procurar bem. Voltando a ilha, passando mais 3 fases; você chega ao castelo enfrentar o primeiro chefe. Era aí uma das partes que eu travava algumas vezes; esse primeiro é bem fácil, mas depois ficava bem complicado. Gostava de ver os vários modos que o Mario destruía o castelo. Nesse primeiro, Mario arma uma bomba e o castelo cai ao chão, deixando apenas destroços e uma bandeirinha branca, como todos os outros também.

Mapa do Game
Os mundos consistem em: Ilha do Yoshi (Yoshi's Island), Planícies da Rosquinha (Donut Plains), Cúpula da Baunilha (Vanilla Dome), Área das Pontes Gêmeas, Floresta da Ilusão (Forest Of Illusion), Ilha do Chocolate (Chocolate Island), e Vale do Bowser (Valley Of Bowser); sem falar do Mundo da Estrela (Star World) e a Mundo Especial (Special World); muito bem escondidas. As fases que tem saídas secretas estão marcadas com um ponto em vermelho no mapa, ao contrario das outras que tem um ponto amarelo. Geralmente, essas fases são encontradas quando você acha uma chave que se encaixa numa fechado escura, assim, ela desbloqueia uma saída para uma fase secreta.
Power Up
Não tem tantos Power Ups quanto Mario Bros 3; tem a Super Mashroom (o cogumelo que faz o Mario crescer), 1 up Mashroom (o cogumelo que dá uma vida), a Fire Flower (a flor que dá poder de atirar bolas de fogo), a Star ( a estrela que da invencibilidade temporária), os novos power ups, Cape Feather ( uma capa que faz o Mario voar e planar pelo cenário), a P-Balloon ( um balão que incha o Mario e faz ele voar por um tempo) e a 3-up Moon (uma lua rara de se achar, que dá 3 vidas de uma só vez). Você pode armazenar um Power Up em um quadrado em cima da tela e apertar Select para usar quando necessário. Na minha minha opinião, a peninha (como eu gosto de chamar) é um dos meus power de Mario favorito de todos os jogos; ela pode ser um pouco roubada, porque sabendo usa-lá bem, você pode simplesmente sair voando pela fase, sem preocupação nenhuma. Pena que esse power up, nunca mais foi utilizado nos jogos principais do Mario; só no Super Mario Maker quando se usa o estilo do Mario World para se criar fase, lá tem esse item pra utilizar nas criações de fase.

Passe por diversas fases, desafios. Fases da aguá, em cavernas, em céu aberto, nas alturas. Castelo, fortalezas e castelos; e chegue no desafio final para o desafio final: enfrentar o Bowser (King Koopa no Japão). Derrote-o e chegue ao seu objetivo final: salvar a princesa (nenhuma novidade até aí, é sempre a mesma historia). Seja presenteado por um final feliz, o retorno de Mario, Peach e os Yoshis que foram capturados pelo Bowser e veja imagens dos inimigos que você enfrentou durante sua jornada e seus nomes. Vou falar a verdade, que eu demorei anos pra chegar no final do jogo, passando por todas as fases. Acho que a primeira vez que terminei sozinho o jogo, sem precisar ficar pegando save de outros, foi só depois de mais velho, jogando em emuladores; mas hoje em dia, posso dizer quer conheço esse jogo de cabo a rabo e sei de todos os seus segredos.

          

E é me recordando desse game, que me lembrei de uma historia engraçado que ocorreu comigo, envolvendo o jogo. Ainda criança (não vou lembrar a idade que eu tinha, mas chuto uns 5 ou 6 anos),alguns amigos dos meus pais vieram nos visitar, e os filhos e filhas deles foram jogar comigo. Colocamos Super Mario World pra jogar, como tinha muita gente, foi naquele esquema clássico - uma vez pra cada um, terminou a fase ou morreu, passa o controle pro próximo. Tudo ia bem, até que num determinado momento, alguém tentou pular a fila e isso bagunçou a ordem de quem seria o próximo a jogar. Então, duas pessoas começaram a discutir e a puxar o controle uma da outra; e eu naquela situação não sabia o que fazer, se intervia, se chamava meus pais pra ajudar, fiquei ali parado com cara de taxo. Foi aí que, num desses puxa-puxa do controle, deram um puxão que moveu um pouco vídeo game do lugar, e por consequência, arrastou a TV de onde ela tava; caindo ao chão. Por sorte, eu era o que estava mais próximo da tv, e num reflexão, eu consegui me aproximar e pegar a TV a poucos centímetros de encostar no chão, evitando o pior. Na hora, eu só gritava pra minha mãe vir ajudar logo, a galera que tava envolta, chamou meus pais, e me ajudaram a por a TV de volta no lugar e organizar a jogatina nova mesmo. Era uma daquelas TVs de 14 polegas de tubo, mas pro tamanho que eu tinha, era como pegar uma de 30 polegadas dessas mais recentes. O dia em que salvei a minha TV, enquanto jogava Super Mario World.


Algumas curiosidades a respeito do jogo e dos personagens:
A Especial World, é uma área do jogo bem secreta, onde existe 8 fazes extras com um ótimo desafio para o jogador, utilizando de todas as mecânicas possíveis do jogo. Curiosamente, o nome dessas fases, fazem referencia a gírias do surf: Gnarly, Tubular, Way cool, Awesome, Groovy, Mondo, Outrageous e Funky. Quando você termina essas fases e retorna para o mapa normal, o mapa sobre algumas alterações, mas no lance das cores do cenário, e todos os koopas, estão com um rosto parecido com o do Mario. Outra curiosidade, é que ficando alguns minutos parado no Special World, começa a tocar uma versão remixada do tema clássico do Super Mario Bros. E falando nessas fases, a Tubular é considera umas das mais difíceis do jogo, senão, a mais difícil de todos; uma fase bem desafiadora. Praticamente, não existe chão na fase, e tem que ser passada usando o power up do balão, desviando dos inimigos e seus projeteis; veja por vocês mesmo:

          


Um clone de Super Mario World, intitulado Super Mario's Wacky Worlds, estava em desenvolvimento para o dispositivo Philips CD-i por NovaLogic de 1992 até 1993, mas foi cancelado devido ao fracasso comercial do console.
DIC Entertainment produziu uma série de desenhos animados Super Mario World baseado no jogo, que consiste em treze episódios e foi exibido pela NBC a partir de setembro a dezembro de 1991. Na serie, se explica o por que de o Yoshi não entrar nos castelos ou casas mal-assombrada; pois ele tem medo de entrar nessas áreas. No jogo, isso acontece mais por questão do gameplay do jogo nessas fazes, mas na serie, resolveram dar um motivo pra isso acontecer.
       

Há um série de hacks ROM Super Mario World criada por fãs, usando um programa chamado Lunar Magic. Com isso, os fãs podem fazer alterações no código do jogo e modificar as fases, criar novas fases e até mesmo criar uma outra historia dentro do jogo. Dentre essas varias modificações, existe algumas muito conhecidas por aí, nomeadas de Kaizo Mario World. O jogo é marcado pela extrema dificuldade, inserindo mais inimigos, obstáculos, com pulos e movimentos muito precisos, quase impossíveis de fazer. 
         
Alguns jogadores decidem ter um desafio a mais e resolvem tentar terminar os jogos o mais rápido possível, isso se chama “speedrun”; usar de recursos do próprio jogo, como bugs e glitches pra chegar até o final em tempo recorde. Existe varias categorias de speedrun, uma delas é o “0 Exit”ou“credit warp”, que usa alguns glitches para enganar o software do jogo, e pular direto para os créditos finais. E sabiam que nessa categoria, temos um brasileiro com um recorde em Super Mario World reconhecido pelo guinness book? Sim, isso mesmo, o catarinense Matheus Furta, conhecido também como “FURiOUS” na comunidade de speedrun, entrou pro guinness como o jogador que terminou Super Mario World em menos tempo; quebrando o recorde duas vezes. Inicialmente em 2014, ele terminou o jogo com a marca de 1m 15s 23ms; e ainda disse que daria pra diminuir mais esse tempo, dependendo de como utilizar o glitche, e resolveu aguardar pra ver se alguém quebrava esse recorde. Como isso não aconteceu, no ano seguinte, 2015, ele foi e conseguiu quebrar o próprio recorde, diminuindo para 1m 13s e 32ms, fazendo assim entrar definitivamente para o guinness. O principal desafio está em ativar os glitches, porque é preciso realizar comandos e ações rapidamente e de forma precisa, como pegar certos cascos vermelhos e fazer o Yoshi cuspir um número de bolas de fogo. Por isso, Furious fica movimentando o Mario de um lado para o outro. Parece que ele está enrolando, mas cada movimentação é premeditada e feita conscientemente. Numa entrevista para o Jovem Nerd em 2014, ele explica isso melhor:
“O glitch se chama item swap e acontece quando o Mario pula na frente do Yoshi e pega a moeda que ele iria engolir com a língua. Nesse momento o jogo acaba fazendo o Yoshi engolir outro sprite no lugar dessa moeda e que está pré-carregado fora da tela. No caso dessa fase, um inimigo Chargin Chuck.  (…) Quando isso acontece o game executa uma parte da memória ram do console, e é aí que todas aquelas ações que pareciam aleatórias antes, como cascos vermelhos sendo cuspidos pelo Yoshi, entram em ação, porque eram instruções que  eu estava ‘escrevendo’ para o jogo ler e pular para os créditos do jogo.”

Fora todos esses comandos, ainda é preciso jogar com o segundo controle do Super Nintendo conectado ao videogame e com os botões L + direita + baixo + select + Y + B pressionados ao mesmo tempo. Para realizar esse malabarismo, Furious usa do jeitinho brasileiro no segundo controle, em que usa pedaços de papel e ligas para manter os botões pressionados.
Gambiarra usada por Furious para o glitch funcionar

Veja este vídeo, da segunda vez em que ele quebra o recorde.


De tempos em tempos, eu retorno para jogar esse jogo; infelizmente não tenho mais Super Nintendo, então eu recorro para emuladores. É impressionante como ainda me lembro de cada detalhe, e jogo de maneira tão natural, eu faço as coisas quase que automaticamente, de tão bem memorizado que tenho o jogo na cabeça. Com certeza, Super Mario World é um dos meus jogos favoritos da vida toda, senão, O JOGO da minha vida; se fosse pra escolher um jogo como o numero 1 pra mim, seria Super Mario World; e também, um dos melhores jogos da serie toda.



Joguem Mario Wolrd, e aproveitem ao máximo o jogo.

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